Erótica é a Alma
Roberta Lima
Um dos meus professores desse semestre costuma exclamar que antigamente os jovens queriam mudar o mundo, hoje só pensam em mudar o corpo.Trágica mas real afirmação. Vivemos na era dos seios e bundas siliconados, de belezas plastificadas, muitos músculos, muita aparência e pouca essência.
Confesso que já estive diante de pessoas reais que mais pareciam virtuais, tamanha a superficialidade. Tristes tempos.
Não vou fazer apologia ao descuido. Gosto de me cuidar, de usar bons cosméticos, um make up, umas roupas bacanas, minha própria vida profissional requer um pouco desse cuidado. Mas considero isso um mero detalhe diante daquilo que realmente importa: o ser.
Tenho observado entre alguns amigos problemas de baixa auto-estima e a razão é simples: talvez não se achem inseridos no padrão de beleza vigente, se sentem aquém do que o senso comum chama de belo e isso, por vezes, lhes rouba oportunidades e vivências significativas.
Pensando sobre algumas dessas coisas, resolvi jogar algumas questões para fazermos algo que muitos não costumam fazer: pensar. Comecemos com a afirmação do nosso querido poetinha Vinícius de Moraes e sua clássica frase: “que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”! Muitos fazem disso regra de fé e prática, interessante é que provérbios fala que “a verdadeira beleza, a verdadeira honra de uma mulher está em amar e obedecer ao Senhor" Pv 31:30
Sabemos que a prática no meio cristão não é diferente do que encontramos em outros meios, lembro-me de ouvir há uns anos atrás uma moça queixosa dizer que havia imaginado que na igreja seria diferente e que não seria tratada segundo a aparência. Até já escrevi um post falando de maquiagem no qual afirmava que a mulher tem que se cuidar, ser bonita, mas acho que podemos desenvolver melhor esse conceito “beleza” no post de hoje. Cada um tem características peculiares e deve procurar saber valorizar o que é ponto forte, saber se arrumar de acordo com seu padrão corporal, sua personalidade, etc...
Acho que é possível todos sermos bonitos, cada um a sua maneira. Só não podemos ficar presos a uma ideia fixa, a um padrão único, temos um Deus que tem uma multiforme sabedoria e nos dá múltiplas escolhas, mas quero reforçar alguns pontos.
Meninos: não se compra um bom papo como se compram anabolizantes na esquina.
Meninas: com sua bunda você pode conquistar um garoto por uma noite, mas com sua personalidade um homem pela vida inteira.
Duas frases que vi recentemente nos twitters da vida e que de certa forma são “voz ecoando no deserto” de vaidades reinante. Li algo interessante da Adélia Prado e desenvolvido de forma mais assertiva por Rubem Alves, que diz assim: Não foi à toa que Adélia Prado disse que "erótica é a alma". Enganam-se aqueles que pensam que erótico é o corpo. O corpo só é erótico pelos mundos que andam nele. A erótica não caminha segundo as direções da carne. Ela vive nos interstícios das palavras.
Não existe amor que resista a um corpo vazio de fantasias. Um corpo vazio de fantasias é um instrumento mudo, do qual não sai melodia alguma. Por isso, Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: "continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?"
Creio que não exista nada mais afrodisíaco do que conteúdo, alegria, caráter, bom humor, inteligência, vida com Deus...isso deveria ser mais excitante não é mesmo? Há outro ponto que sempre ressalto quando em conversas com amigas: química nada tem a ver com aparência, mas muitos às vezes trocam a “química” que muitas vezes é cerebral e física para poder desfilar ao lado de uma “barbie” ou um “ken”. Por isso digo, meninos e meninas do Reino. Amem-se. Valorizem-se. Aceitem-se. Melhorem-se também, se possível. Só não se plastifiquem, não se abduzam de suas próprias peculiaridades, não se tornem “frankesteins” de si mesmos e prossigam assim, aceitando-se e amando-se, pois como bem ensinou Exupéry: “o essencial é invisível aos olhos”
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