25/08/24 E depois de mais de uma década, estou aqui novamente. Mas não "eu" de 12 anos atrás. Hoje, um eu que se perdeu em meio à bagunça dos seus quereres; um eu que não soube qual caminho interior seguir e, como aquele burro, morreu de fome e de sede entre um lago e um pasto, sem saber o que fazer primeiro: se comer ou beber. A vida tá doída hoje. Não por nada externo: tá tudo em ordem, tudo perfeito. O problema tá dentro. Me perdi, não sei quem sou, o que quero, o que me faz feliz, do que sou capaz, do que gosto ou não gosto. Não sei que caminho tomar. Hoje retomo esse lugar como meu espaço de terapia. Talvez voltar um pouco atrás e procurar por algum resquício de identidade, mesmo que velada entre os escritos de uma personalidade que dissimulava sua aparência. Penso que nunca fui alguém. Minha vontade de não existir se camuflava nas diligentes tentativas de montar uma personalidade que pudesse parecer interessante. O erudito me atraía especialmente, e era nele que eu tentava construir aquilo que eu gostaria de ser. filosofia, música clássica, poesias, tudo que parecia me diferenciar do que era comum àquele tempo tinha minha especial atenção. O gosto era genuíno, mas a persona, não. Quem eu era? Quem eu viria a ser? Não posso dizer que não fui e que não sou ninguém; ninguém é alguém que não é coisa nenhuma, mas existe em si mesmo. Eu existo em mim mesma, sem, contudo, saber quem sou. Sou esse ninguém. Falar, não consigo. Acabo racionalizando demais, parece que na tentativa de mostrar pro outro (ou pior, pra mim mesma) que tenho razão no meu extravio. "Me perdi, mas a culpa foi do caminho". Nem posso me delongar, ou corro o risco de chorar todas as minhas pitangas aqui, e não é esse o intuito. Quero registrar os fatos como estão, pra ver se consigo ver como quem olha de fora da caixa. Espero me achar. Se eu existo, estou em algum lugar. Vou começar a procura por aqui.
Carla Miranda
"Uma parte de mim é todo mundo, outra parte é ninguém, fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão, outra parte, estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera; outra parte, delira (...) Uma parte de mim é permanente, outra parte, se sabe de repente..."
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial